Florianopolis / SC - segunda-feira, 29 de abril de 2024

Nutrição na Cirurgia Bariatrica


Dr.Eduardo Terbeck

CRM/SC – 9950

Cirurgia do Aparelho Digestivo e Gastroenterologia.

Cirurgia Geral, Cirurgia da Obesidade e Cirurgias Videolaparoscopicas.

 

 

Obesidade

 

 A obesidade é o maior problema de saúde pública da atualidade e atinge indivíduos de todas as classes sociais. Denomina-se obesidade uma enfermidade caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, associada a problemas de saúde.


A obesidade é o resultado de diferentes interações, nas quais destacam-se os aspectos genéticos, ambientais e comportamentais. A genética evidencia que existe uma tendência familiar muito forte para a obesidade, pois filhos de pais obesos tem 80 a 90% de probabilidade de serem obesos.


Pacientes obesos apresentam risco aumentado para uma série de doenças: hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças ostio-articulares, osteoartrite.


Independente das diversas causas, o ganho de peso está sempre associado a um aumento da ingestão alimentar, muitas vezes associado a baixa qualidade e a uma redução do gasto energético
 

 

Diagnóstico:

 
Em adultos, é utilizado o IMC (Índice de Massa Corpórea - Calculo do IMC) , para avaliar a estratificação da composição corporal.


A obesidade apresenta ainda algumas características que são importantes para a repercussão de seus riscos, dependendo do segmento corporal no qual há predominância da deposição de gordura. Para esta classificação, utiliza-se a medida da circunferência da cintura, que é definida ce acordo com o sexo:

 

 

Risco Aumentado

Risco Muito Aumentado

Homem 

94 cm

102 cm

Mulher 

80 cm

88 cm

 

De acordo com suas característica, a obesidade pode ainda ser classificada:

 

Obesidade Difusa ou Generalizada

 

Obesidade Andróide ou Troncular (ou Centrípeta), na qual o paciente apresenta uma forma corporal tendendo a maçã. Está associada com maior deposição de gordura visceral e se relaciona intensamente com alto risco de doenças metabólicas e cardiovasculares (Síndrome Plurimetabólica)

 

Obesidade Ginecóide, na qual a deposição de gordura predomina ao nível do quadril, fazendo com que o paciente apresente uma forma corporal semelhante a uma pêra. Está associada a um risco maior de artrose e varizes.


Bioimpedância

 
Uma análise mais detalhada da composição corporal pode ser obtida através do exame de bioimpedância, um método não invasivo e indolor, que permite identificar o percentual de gordura, massa muscular e água, relacionado ao peso total.


Este exame é realizado em consultório, com o paciente deitado na maca. São posicionados eletrodos nas mãos e pés.


Este exame é valorizado não apenas como método de diagnóstico, mas também como forma de acompanhamento da evolução da perda de peso. Desta forma, torna-se possível associar medidas adequadas e precisas para otimização da perda de peso.

 


Tipos de Tratamento

 

Atualmente, existem inúmeros tratamentos para a perda de peso dentre os quais pode-se destacar:

- Dietas
- Medicamentos
- Psicoterapias
- SPAs
- Associação de metodologias

Entretanto, a maioria dos obesos mórbidos não atingem sucesso através da utilização destes recursos, o que torna a Cirurgia Bariátrica o método indicado para tratamento da obesidade severa ou mórbida.

 


Alimentação:

 

A mudança do hábito alimentar é fator imprescindível para a perda de peso, assim como para a manutenção desta perda. Desta forma, podemos dizer que independente da causa ou tipo de obesidade, a reeducação alimentar é fundamental, devendo estar associada a um adequado programa de atividade física.


A mudança do hábito alimentar começa a ser incorporada no período de pré-operatório. Através de alterações simples e práticas o paciente gradativamente conscientiza-se e prepara-se para as mudanças que seus hábitos alimentares irão sofrer. O objetivo principal é treinar o paciente a comer devagar, mastigando bem os alimentos, com "garfadas" pequenas e espaçadas e estar motivado a uma escolha com qualidade.


Este processo facilitará o pós-operatório, evitando desconfortos e favorecendo a perda de peso saudável, principalmente a massa gorda.


1º Mês Pós-Cirurgia
Após a Cirurgia, o paciente precisa passar por um período (30 dias) com dieta líquida rala diluída e coada, com volume e fracionamento controlados. O objetivo desta dieta não é a perda de peso, mas sim auxiliar no processo de cicatrização do estômago.


Esta dieta, orientada pela nutricionista, deve ser composta por água, chás claros, sucos de frutas naturais diluídos e coados, água de coco, gatorade, leite de vaca desnatado ou soja, caldo de carnes. Estes devem ser distribuídos de forma equilibrada, possibilitando oferta de nutrientes e ingestão de volume hídrico adequado.


Ao final deste período, torna-se possível uma evolução gradativa para os sólidos, orientada pelo nutricionista e o paciente passa a ter uma alimentação “normal”, com volume reduzido e melhor qualidade.

Neste momento os pacientes percebem de forma bem significativa uma baixa sensação de fome associada a uma saciedade precoce, o que auxilia muito no processo.


Dicas:

-  Reserve 30-40 minutos para as refeições
-  As porções devem ser pequenas
-  Utilize talheres pequenos (sobremesa)
-  Ingerir os líquidos nos intervalos das refeições
-  É extremamente importante mastigar os alimentos até que estes se encontrem completamente triturados.
-  Valorize o consumo de alimentos protéicos: carnes magras, leite e derivados e soja

 

 

Suplementação de Vitaminas


A suplementação de vitaminas é prescrita de forma rotineira, com o objetivo de evitar problemas relacionados à falta destes nutrientes.


Vale a pena ressaltar que o uso de vitaminas deve ser orientado por um profissional.


Acompanhamento Nutricional


O acompanhamento nutricional inicia-se no período pré-operatório e deverá ser regular durante todo o período de perda de peso. Após estabilização, o paciente deverá retornar a cada seis meses.